segunda-feira, 28 de abril de 2014

Uma Palavra de Alerta Contra a Rotina!



Reflexão de um homem que busca viver segundo o coração de Deus



"Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz”. (Mateus 6:22). 

Como olhamos a vida influenciará diretamente na maneira que a vivemos. Durante toda a parcela da minha vida em que estive afastado de Deus segui a risca tudo que aprendi com os homens de minha família e com o mundo, não que eu esteja me inocentando de meus atos, não, apenas reconhecendo a influência psicológica e também espiritual que herdamos em nossos DNAs, isso mesmo, DNAs, denominei esta sigla no plural por crer no DNA espiritual, sei que este é um tema polêmico do ponto de vista teológico, e não pretendo me prolongar nele, mas penso que, assim como possuo DNA dos meus pais na terra, também possuo do meu Pai que está nos céus, pois somos a imagem e semelhança de Deus, e como Deus é espírito, as coisas relacionadas a Ele devem ser discernidas espiritualmente, daí a justificativa de observar as influências espirituais herdadas, mas enfim, voltando ao assunto, tive muitos tropeços durante este período da minha vida, e hoje muitos deles não me trazem orgulho ou satisfação por tê-los praticado, ao contrário, me trazem uma profunda reflexão do caminho em que estava seguindo e do lugar que estava quando Jesus me resgatou, mas também não posso negar que eles em muito me auxiliaram a ser quem sou hoje, não que eu seja perfeito agora, apenas reconheço minhas falhas com mais facilidade e humildade. Quando cheguei ao Amapá, deixei para trás muitos amigos e toda uma vida, aqui comecei do zero, e logo em seguida Jesus me chamou para a liberdade e para fazer parte da sua igreja, digo para a liberdade, pois durante muitos anos fui escravo dos “vícios” muitos e piores “vícios”, mas Deus é bom, e logo me casei com uma mulher maravilhosa, nosso noivado foi santo, esperamos com paciência no Senhor e neste período de busca de santidade fizemos confissões mútuas de todos os nossos erros, tanto um para com o outro, quanto para Deus, foi tremendo e maravilhoso, minha esposa me conhece e sabe de minhas fraquezas e virtudes e vice-versa, somos cúmplices no amor e na vida, até hoje praticamos este ato de confiança, compartilhando de nossas angústias e aflições, falhas e acertos, assim nos unimos para sempre. Entretanto, logo me veio uma grande carência e tristeza gerada pela ausência de uma vida social, de uma vida com amigos, senti falta de um tempo em que eu tinha uma vida cercada de amigos, de convites, de um tempo em que eu era “popular”, essa carência me fez sentir-se mais velho, via minha função dentro da igreja como a de um “ancião” como um conselheiro para casais, afinal, eu era um homem honesto, e fiel a uma mulher tetraplégica pela qual eu havia feito prioridade em minha vida, e como a prioridade principal era fazê-la feliz, me dedicava de forma integral a isso, porém, acabei por um breve momento esquecendo da minha vida também como prioridade. Portanto, passei a desejar me sentir jovem novamente, queria me sentir cheio de amigos, queria ter uma vida social agitada, queria ser “popular”, foi aí que eu comecei a falhar comigo e com Deus. Comecei a aceitar comportamentos de pessoas dentro da minha casa que desagradam a Deus, comecei eu mesmo a ter comportamentos que não agradavam a Deus, na verdade, comecei a desagradar a Deus para agradar a homens e também, porque não dizer, a mim. Não me desviei ou me afastei de Cristo, apenas estive fragilizado espiritualmente, perdi meu foco, tudo isso apenas por carência humana, reflexo da vida que eu e minha esposa levávamos enclausurados em casa, fazendo com que a cadeira de rodas nos aprisionasse, transformando a cadeira de rodas em uma prisão ao invés de usá-la para a liberdade, pois foi este o foco que motivou sua invenção. Eu era jovem, como ainda o sou, mas me sentia velho e desejoso de voltar a ser jovem, certa vez alguém me disse que isso era crise dos 30 anos, outro me disse que era crise dos 10 anos de casamento (temos mais de 7 anos de casados e mais de 3 de namoro), mas na verdade era uma crise espiritual de alguém que não se posicionava com firmeza dentro do reino de Deus, de alguém que mesmo tendo sido separado e escolhido por Deus para ser usado como instrumento em sua obra, se escondia atrás das dificuldades da vida e se enganava buscando alento em coisas que traziam certa dose de satisfação, mas que não ajudavam em edificação e crescimento espiritual, e quando ficamos estagnados espiritualmente somos alvos fáceis, é como alguém parado em um campo de batalha, com facilidade somos atingidos e nos tornamos afligidos pelo inimigo, assim foi comigo, em minha busca pela aprovação social, por amizades, me tornei como que bobo, falei bobagens, participei de atividades sociais que não deveriam ser praticadas por mim, fui conivente com coisas que não deveria ser, conversei assuntos com mulheres que não me convinha conversar, e toda vez que me sentia desejado, me sentia mais jovem e bonito, aquilo me encorajava a pensar que eu tinha muitos novos amigos, até o dia em que me disseram: “olha o crente!”, foi quando percebi que estava manchando uma das coisas mais preciosas que tenho na vida, meu testemunho! Para mim, mais importante que meu testemunho, só Deus e minha família. Sem perceber eu estava voltando a desejar coisas do meu passado, imaginando que elas poderiam ser santificadas pela minha vida de servidão a Deus, foi então que enxerguei o caminho torto que estava seguindo, e clamei o perdão e a misericórdia de Deus, que mais uma vez me libertou da escravidão, porém, desta vez a liberdade recaiu sobre a minha “escravidão da rotina”. Cabe ressaltar aos amados que leem esta minha reflexão, que não voltei aos “vícios”, ou traí minha esposa, ou mesmo quis abrir mão do meu chamado e me afastar de Deus, meu relato se resumo apenas ao reflexo do que acontece quando ficamos estáticos, apáticos em nossas vidas, aprisionados em nossas rotinas, quando nos deixamos levar pelas dificuldades e cansaços do dia a dia, quando a rotina nos cega para o bom que é viver o hoje e achamos que para ser bom o hoje devemos sentir a mesma sensação do bom que conhecemos no ontem, como se a vida e o próprio Deus não pudessem nos proporcionar um bom, novo e diferente. A rotina é um veneno em doses homeopáticas, aos pouco vai matando nossos sonhos, nossas motivações, nossas alegrias, nossos casamentos, até que por fim, destroem nossas vidas, por isso, depois dessa grande experiência me sinto mais que fortalecido, e hoje compreendo o motivo de não ter começado antes meu ministério, faltava ainda mais um degrau de maturidade, pois nosso crescimento ministerial não se da somente com nosso crescimento espiritual, mas também em nosso crescimento como indivíduos, como homens que zelam por seu testemunho, pois nossas vidas não devem somente honrar a Deus, mas também devem servir de exemplo para aqueles que ainda são “pequenos na fé”. Somos pó, somos falhos, mas nossa fraqueza carnal não pode ser motivo para enganarmos a nos mesmo, pois a Deus ninguém engana, Ele conhece os desejos de nossos corações, que possamos estar sempre atentos e vigilantes para que não caiamos em tentação e sejamos engolidos por nossos desejos e paixões. (“Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar”. 1 Pedro 5:8). Deus é bom, ele nos ama e nos aceita como somos, mas para sermos como ferramentas em suas mãos Ele precisa nos moldar conforme sua vontade, e se não permitirmos, Ele aguarda para nos quebrar e fazer de novo, como um oleiro que refaz um vaso de barro, não fomos feitos para ter rachaduras ou imperfeições, fomos feitos para sermos “vaso de honra”, e assim devemos desejar ser transformados por Deus, (“quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá”. 1 Coríntios 13:10). Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja abundante em nossas vidas, e que Deus nos abençoe, a paz seja com todos.