sábado, 21 de agosto de 2010

Raphaela, Milagre e Benção de Deus...

No início de novembro de 2007, em uma de nossas idas ao Hospital Sarah Kubitschek em Brasília, onde Nayara faz sua reabilitação, regada a uma rotina diária de exercícios, consultas e muitos exames, fomos surpreendidos pela notícia de sua gravidez... Imaginem só nossa surpresa, uma tetraplégica grávida?! Mas Júnior teve que conter sua alegria, pois para Nayara foi uma sensação muito estranha, uma mistura de sentimentos; Alegria com preocupação e ansiedade com nervosismo... Enfim, ela só sabia chorar! O que é aceitável, pois sabíamos que a gravidez em mulheres com lesão medular possui um grau muito elevado de risco, mas evitávamos pensar nisso. O engraçado disso tudo, é que dias antes Júnior havia comentado estar suspeitando de uma gravidez, mas foi nossa filha Gabriela, de quatro anos na época, quem convenceu Nayara a fazer o exame e tirar aquela dúvida que pairava sobre nós, foi quando ao acariciar a barriga de sua mãe ela disse; “Minha irmãzinha está doida para sair aí de dentro”, estas palavras foram uma revelação de Deus para nós, pois estavamos no hospital Sarah, e lá a Nayara faria vários exames, e a maioria destes exames seria do tipo Raios-X, o que para um feto de poucos dias de vida poderia ser fatal. Depois dos nervos mais controlados, ligamos para nossos familiares para dar-lhes a feliz notícia, pegamos a todos de surpresa, porém a mistura de alegria e apreensão foi generalizada, em seguida suspendemos nossa estadia na cidade de Brasília e voltamos a Macapá para fazermos todo o acompanhamento da gestação, o famoso Pré - Natal.


Gabriela, Nayara e Júnior, um dia depois da descoberta

Quando Nayara estava com quase dois meses de gestação, em uma de nossas transferências do carro pra cadeira da cadeira pra cama e vice-versa, sua perna esquerda caiu ao chão, o que lhe ocasionou uma trombose venosa profunda e pior, era uma trombose total, esta patologia é uma obstrução na veia, causada pela formação de um coágulo chamado de trombo, no caso de Nayara, este coágulo se estendeu ao longo da veia, provocando sua obstrução total, daí a ser chamada de “trombose total”. Procuramos então um especialista, que nos colocou a par da seriedade do caso e de nossa real situação, pois para a eficácia do tratamento, Nayara teria de se internar a fim de fazer uso de anticoagulantes injetáveis, eles iriam agir na prevenção de novos coágulos e tentariam evitar o crescimento do trombo, diminuindo os riscos de complicações ou até mesmo de uma embolia pulmonar, porém a chance de se perder o bebê nesta situação era real, pois se tratava dos três primeiros meses de gestação, período mais delicado da gravidez e mais propício a abortos, os medicamentos que seriam usados no tratamento possuíam efeitos que poderiam causar a morte do bebê, na verdade o médico foi como dizem; "curto e grosso" olhou para nós e disse: "A opção é de vocês, ou vocês fazem o tratamento e salvam a vida da Nayara sabendo que estão pondo em risco a vida do bebê, ou escolhem o bebê pondo em risco a vida das duas?!". Saímos do consultório deste médico arrasados, e não foi só isso, ele ainda nos deu a autorização de internação para as seis horas  da tarde do mesmo dia, ou seja, tínhamos algumas horas para decidir entre dar ou não a oportunidade de nosso bebê sobreviver, imagine você, tendo que decidir entre a vida ou a morte de uma pessoa? E pior, sabendo que esta pessoa é sua filha, um bebê que você ainda não teve a oportunidade de ver o rosto, de vê-la ao menos uma única vez, nossos corações estavam totalmente quebrantados com aquela situação.




Nayara ficou extremamente abalada com aquelas palavras, no trajeto do consultório para casa da vó de seu esposo, lugar onde os parentes se reuniram para aguardar as novidades da consulta, não trocamos nenhuma palavra, ficamos em total espírito de oração, posso dizer que neste momento, algo sobrenatural aconteceu, foi como se tivéssemos sido arrebatados em espírito para as regiões celestiais, nossos corpos e almas aqui estavam, mais nossos espíritos estavam em outro nível, em um ambiente transcendental, estávamos no meio das revelações de Deus, podíamos sentir que havia uma batalha entre dois reinos, e que soldados de um dos reinos lutavam a nosso favor, eram soldados do Reino do Deus Altíssimo, o criador dos céus e da terra, e estes soldados eram Anjos do Senhor ministrando benções em nossas vidas, foi quando passamos a nos sentir confortados, uma espécie de refrigério para nossas vidas, então Júnior cheio do Espírito Santo de Deus, olhou para Nayara sua esposa e disse: "Servimos ao Deus do impossível! O que é impossível para nós, para Ele é possível! Vamos completar seu tratamento e nada de mal acontecerá há você e tampouco ao bebê!". Neste instante, os olhos deste casal, que até então estavam lacrimejados e sem esperança, começaram a se tornar brilhantes e cheios de fé.


... “se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível" (Mateus 17.20b)



Graças a Deus, nosso bebê sobreviveu ao tratamento sem seqüelas, Deus operou mais um milagre tremendo em nossas vidas, depois disso tivemos uma gravidez tranqüila e sem mais complicações. No dia 15 de Julho de 2008, Júnior saiu para trabalhar às sete horas da manhã, e em casa ficaram; Nayara que estava com aproximadamente trinta e seis semanas de gestação, Gabriela nossa filha, que na época tinha quatro anos e Vanessa nossa babá, que morava em casa conosco. A uma hora da tarde almoçamos todos juntos como de costume e logo depois Júnior foi ao seu outro emprego, o de professor, nesta época ele trabalhava os três horários para dar conta das despesas, era uma rotina desgastante para ele. Aproximadamente às 4 horas da tarde, ele então recebeu um telefonema da Nayara narrando achar que a bolsa amniótica havia se rompido, ele então correu para casa, ao chegar viu que sua mãe e sua sogra já haviam dado um banho em Nayara, e lhe preparado para a ocasião, o médico já estava ciente do que se passava e já há aguardava no hospital, tudo estava sobre controle até então. Às seis horas da tarde do mesmo dia Raphaela nasceu, foi uma grande emoção, até pelo que já tínhamos passado, a cirurgia foi muito bem feita, foi um sucesso, Nayara e Raphaela estavam bem... Pelo menos era o que achávamos, até a hora em que a pediatra chamou ao Júnior e ele ouviu palavras que lhe fizeram perceber que na verdade nossa luta estava apenas começando! Quase nem tivemos tempo de curtir nosso bebê, pois seu choro de liberdade foi perdendo a força, e... Perdendo a força... Até que então, a pediatra levou-a imediatamente para ficar em observação, neste momento começou grande correria, Júnior tinha que cuidar da Nayara, e não devemos nos esquecer que se tratava de uma tetraplégica que tinha acabado de fazer uma cirurgia cesariana e que não pode ficar com seu bebê, e do outro lado, havia um bebê recém-nascido que precisava de carinho, atenção e muitos cuidados médicos, foram momentos amargos para nós, mas infelizmente nada podíamos fazer além de confiar em Deus e na capacidade dos médicos, depois de muita angústia recebemos da pediatra a informação de que nossa pequena Raphaela havia nascido um pouco antes do tempo e que ela estava com dificuldades para respirar e teria que ficar na UTI – Neonatal, pois sua situação era grave, deu-se então uma rotina pesada para Júnior, ele colhia leite da Nayara, levava ao banco de leite onde preparavam esse leite e o colocavam em uma seringa para ser levada a UTI, lá a pequena Raphaela iria alimentar-se dele através de uma sonda, logo depois disso júnior voltava para casa para poder colher mais leite e dar continuidade neste ciclo, é claro que esta dedicação e entrega fez com que Júnior largasse os seus empregos, tendo em vista que ele não tinha mais tempo e nem cabeça para trabalhar, a prioridade em sua vida era mais uma vez sua família, em especial a pequena Raphaela que lutava pela vida respirando através de aparelhos na UTI. Raphaela nasceu com pneumonia grave, mas antes de relatar o motivo desta pneumonia inesperada devemos elucidar um fato que ocorre com pessoas que possuem lesão na medula espinhal, em especial no caso da Nayara que possui uma lesão alta, definida como lesão cervical, por se tratar da área das vértebras cervicais, ou seja, na região do pescoço, este tipo de lesão faz com que as pessoas que as possuem não consigam obter um controle de suas bexigas, e um dos efeitos colaterais deste descontrole esfincteriano é a infecção urinária, e foi o que aconteceu, Nayara teve uma dessas infecções urinárias no período final da gestação e a bactéria que causava está infecção passou para a bebê Raphaela, comprometendo seu pulmão.


Ao Nascer
Foram vinte dias no hospital, distribuídos em exatos dez dias na UTI – Neonatal e dez dias na enfermaria. Na UTI tinhamos apenas 20 minutos de manhã e vinte minutos a tarde para fazer visita. Todos os bebês que estavam na UTI quando a Raphaela entrou eram gravíssimos, só ela sobreviveu, oramos muito por cada um dos bebês que ali estavam como se fossem nossos próprios filhos,  muito sofremos e choramos  junto com os outros pais. Peço a Deus que nenhum de vocês precise ver um filho na UTI.


"Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração" (Romanos 12.12)



Nos dias de UTI, inúmeras vezes os médicos tentaram nos preparar para o pior, um dos médicos até aconselhou Júnior a levar sua esposa Nayara a um psicólogo, para que, no caso de acontecer o pior, ela estivesse preparada e equilibrada emocionalmente para superar esta perda, porém, o médico não imaginava  receber uma resposta como essa... "Nosso psicólogo é o melhor de todos, se chama Jesus Cristo!". O médico então sorriu, não sabemos se ele nos viu como loucos, entretanto podemos aqui afirmar que loucos ou não, o que Júnior disse era a mais pura verdade em nossas vidas. Nos primeiros dias em que esteve na UTI a Raphaela só piorava, foi quando em nossa casa, choramos e oramos a Deus, pedindo que ele diminuísse este nosso sofrimento, pois já havia quase dois anos em que esta família que vos escreve, vivia somente internada em hospitais pelo Brasil afora, estávamos cansados de tanta tribulação em nossas vidas, parecia que a angústia que sentíamos nunca chegaria ao fim, neste dia estavam em casa, os pais de Nayara e a mãe de Júnior, foi então que Deus nos encheu com seu Espírito Santo e Júnior levantou-se e disse: "Eu gostaria de aproveitar a oportunidade de estarmos aqui reunidos para nos darmos as mãos e fazermos uma oração, nesta oração levantaremos um clamor que tenha como objetivo interceder pela vida de nossa bebê Raphaela", então Júnior deu inicio a oração, óh maravilha, quão tremendo foram aqueles minutos na presença de Deus... Meus amados, uma oração com fé, seguida de quebrantamento, amor, sinceridade e comunhão com o Espírito Santo de Deus, move montanhas, abala estruturas espirituais, apavora o reino do mal, e te dá a vitória, foi o que aconteceu conosco... Antes da oração, os médicos diziam que a bebê estava morrendo a cada dia, após a oração, descansamos no Senhor e cremos com fé na cura, foi quando a Raphaela amanheceu muito melhor, e em dois dias ela ja estava saindo da UTI, e hoje para a honra e para a glória do Senhor nosso Deus, ela está saudável e feliz, crescendo em estatura e graça diante da presença do  nosso amado Jesus Cristo. A você que nos lê, pedimos que Jesus derrame em sua vida graça e paz de forma abundante, assim seja.


Quando nasci fui pra UTI, que chato!

             “Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?” (João 11:40)

3 comentários:

  1. Uma história fantástica e emocionante que nos mostra a força imensurável da fé em nossas vidas.Acreditar sempre é preciso.Parabéns pelas lindas filhas.

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  2. Linda historia.
    Deus sabe que faz.

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  3. Parabéns pela linda família, pela estória de força e Fé! Fortifico-me mais ainda junto a Deus depois de ler tudo isso, para que ele me mantenha sábia pra enfrentar todos os percalços em meu caminho!

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